quarta-feira, 23 de abril de 2008

Baiano Preguiçoso!?

A maioria dos brasileiros que não vivem na Bahia, costuma dizer que o baiano é preguiçoso, mesmo sem conhecer e ter vivido diariamente como um baiano. Então será o baiano preguiçoso mesmo?

Francisco Neto, freqüentador assíduo da Estação Pirajá – um dos terminais de ônibus de Salvador - acorda todos os dias às 5h manhã, quase sempre não toma café para não perder o ônibus de 5h e 40 min, que por sinal sai sempre superlotado do bairro onde reside, para ir até a Estação Pirajá e esperar por mais 45 min para conseguir pegar um outro ônibus ainda mais cheio. Na maioria das vezes ele vai pendurado na porta para chegar ao seu trabalho aproximadamente às 8h, e ainda tem que ouvi do seu patrão que amanhã ele faça o favor de chegar mais cedo.

É muito fácil para seu patrão dizer isso. O mesmo mora a apenas 10 min da empresa, acorda às 6h e 30 min para fazer a sua tão sagrada malhação e depois volta para casa para tomar um bom banho e um café da manhã reforçado. Sai de casa às 7h e 30 min para chegar à empresa e encher o saco de seu funcionário.

O mesmo, Francisco Neto, fica até 12h sem comer nada ouvindo do patrão que tem que aumentar sua produção na fábrica. Enquanto Francisco trabalha, seu patrão fica sentado na confortável sala dele observando novidades na Internet – como foi o futebol ontem, uma nova grife de roupa, um desfile de moda, o que aconteceu na novela ontem e fofocas sobre artistas. Quando Francisco sai para o almoço, seu patrão ainda resmunga questionando o horário de almoço do mesmo. Seu patrão vai pra algum restaurante próximo e pede um almoço bem caprichado, enquanto Francisco esquenta sua quentinha preparada pela esposa um dia antes.

Vem chegando a tarde e Francisco já não agüenta mais trabalhar, exausto e querendo volta para seu lar e encontrar sua esposa e seu filho. Cansado, mas feliz, pois alcançou sua meta diária de produção apesar dos resmungos de seu patrão, chega a hora de ir embora. Vai bater o seu ponto no devido horário e ouve seu patrão pedi mais disposição para o outro dia.

Ele sai da fábrica e caminha até o ponto de ônibus, que para variar está lotado de outros trabalhadores. Lá vem o seu ônibus e a mesma rotina diária, todos correm para pegá-lo e Francisco mais uma vez vai em pé, desolado até o seu destino – sua casa.

Chega em casa depois de 1 hora e meia em pé no coletivo e encontra sua adorável esposa que lhe prepara o jantar enquanto ele vai tomar banho. Pronto chegou o fim do dia. Francisco vai dormir já pensando no dia de amanhã e chega até a sonhar alto em sua cama: Será que amanhã o ônibus vai mais vazio? Será que meu patrão vai me tratar melhor amanhã? E valorizar o funcionário que tem?

Igual a seu Francisco existem muitos com essa rotina. Todos os dias é comum encontrar umas das estações de ônibus ou ferroviária lotadas de gente indo trabalhar. Se isso for ser preguiçoso, não quero conhecer um trabalhador de verdade.

11 comentários:

Murilo Gitel disse...

André:

Você é muito feliz em sua postagem.

Como gaúcho, que mora há cinco anos na Bahia, sou obrigado a concordar contigo no que diz respeito a esta visaão pré-conceituosa de boa parte dos não-baianos a respeito de muitos fatos que ocorrem por aqui.
Quem diz que o baiano é preguiçoso, certamente nunca passou pela Feira de São Joaquim por volta das 5h30.
E certamente desconhece o trabalho árduo dos lavradores das roças do interior.
Antropologicamente falando, essas pessoas confundem uma certa "cultura de tempo" bem específica do povo baiano com preguiça. É uma grande ignorância, típica de quem nunca veio aqui e tece opiniões através do que a Rede Globo apresenta nas novelas e telejornais.
O capitalismo chegou aqui mais tarde.
O poeta jequieense Wally Salomão, já dizia em Vapor Barato: "Eu não preciso de muito dinheiro/graças a Deus/ e não importa..."
Abraço, parabéns pelo blog e por ter adicionado o meu modesto blog como um de teus favoritos!

Andre Luis Gomes disse...

Grato querido Murilo! Infelizmente, ainda existem pessoas com essa mentalidade. São pessoas que não conhecem nossa realidade, nosso dia a dia...
Um dia conseguimos desmitificar essa idéia que a Globo tentar passar sobre a Bahia.
Gosto muito do seu blog também, você trata os fatos do cotidiano com muito caratér e honestidade.
Abraço

Anônimo disse...

hahahahaha, sao preguiçosos sim olha a que horas foi escrito esse texto numa quarta duas e meia da tarde., rsrsr trabalhando é que nao estavam né

Anônimo disse...

Ei anônimo, e o que você está fazendo 13:25 senão sentado(a) em frente um computador, trabalhando que não é né, se você que um baita ignorante pode, porque uma pessoa culta não pode, vá lavar sua boca com criolina pra ver se mata esses germes do preconceito. kkkkkkk hasta la vista!

Anônimo disse...

O bahiano não é preguiçoso,TODO baiano igualmente ao paulista,ao carioca,etc trabalha muito..Tem alguns que são preguiçosos, mas também tem preguiçosos em São Paulo, no Rio de Janeiro,etc.
Afinal a Globo que tenta passsar essa imagem para as pessoas.

Anônimo disse...

- Como na Bahia as pessoas são preguiçosas! Técnico do ar-condicionado não pode terminar o trabalho por que está com dor de cabeça. Essa é a Bahia! ( Gal Costa )

Mas que baiano é lerdo e folgado , você não pode negar. Salvador é a capital mais imunda do Brasil. Fede a urina .

Renata disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Renata disse...

Para vcs que dizem que baiano é preguiçoso:

A preguiça baiana foi um perfil construído historicamente e reforçado pela mídia, que reproduz os interesses da elite. Desde o século XVI, a elite local depreciava os negros escravos, descritos como desorganizados e sujos, depois como analfabetos e sem conhecimento, e, finalmente, como preguiçosos. A famosa Ladeira da Preguiça, em Salvador, ganhou este nome por ter sido a via de acesso de mercadorias vindas do porto para a cidade, levadas em carretões puxados a boi e empurrados por escravos. Do alto de seus casarões, ao verem os escravos tomando fôlego para subir com sacos de 60 quilos nas costas, as elites gritavam: "sobe, preguiça! sobe, preguiça!".

Essa foi uma forma de interiorização da dominação, no período da escravidão. Depois, a depreciação assumiu a forma da exclusão. O mesmo aconteceu com negros, índios e imigrantes nordestinos, nas regiões Sul e Sudeste, quando, a partir da década de 1950, intensificou-se a imigração. A imagem de preguiçoso espalhou-se. Chamados genericamente de "baianos", os imigrantes eram, em sua maioria, mestiços, afro-descendentes, oriundos de fazendas afetadas pela seca e sem qualificação profissional. O nordestino foi responsabilizado por todo o caos urbano sem, ao mesmo tempo, ser lembrado em nenhum projeto de inclusão social.

Essas pessoas que dizem que baiano é preguiçoso são os colonizadores do século XXI. Parece que ainda estamos no século XVI, quando os escravos subiam a ladeira da preguiça com 60 quilos de sacos nas costas, e os colonizadores gritavam "sobe preguiça! sobe preguiça!" E hoje no século XXI a história ainda se repete. Antes o preconceito era por causa da escravidão, e hoje que não somos mais escravos, acho que é inveja mesmo, viu?! Pois ainda querem ver baiano com quilos de sacos na cabeça, se acabando pelas ladeiras de salvador. Não importa se falamos arrastado, se andamos devagar ou se somos lentos, somos tão preguiçosos que fazemos o melhor carnaval do mundo para vcs elites dizerem que não gostamos de trabalhar. Enquanto vcs estão lá se divertindo atrás do trio elétrico, milhares de baianos estão lá no meio com uma caixa enorme na cabeça cheia de latinhas de cerveja e refrigerante para vender e sustentar a família, milhares de pessoas estão lá segurando corda, empurrando a corda dos blocos que vcs participam e se divertem. Esses milhares de baianos que trabalham no carnaval e durante o dia a dia de Salvador, são as mesmas pessoas do século XVI, que carregavam sacos na cabeça, e que vcs "elites" "colonizadores"hipócritas, ainda insistem em chamar de preguiçosos.

Vcs que dizem que baiano é preguiçoso...morram...EU TENHO ORGULHO DE SER BAIANA.
Não se preocupem, vamos continuar trabalhando pra fazer a melhor festa do mundo e para vcs chegarem aqui dizendo: " A Bahia é linda!!!"
CHEGA DE PRECONCEITO!!!

Anônimo disse...

Meu pai era gerente de uma grande empresa e foi tranferido para administrar a filial da Bahia, nao sei se a palavra preguicoso se aplica (ou seria folgado), bem resumindo, sempre que tinha uma lavagem de igreja, a baianada faltava o trabalho... apos um ano analisando isso, escutando desculpas esfarrapadas,meu pai comecou a demitir os baianos, e contratar os nao Bahianos.
Resultado... produtividade alta a os funcionarios nao faltavam o trabalho... Lado negativo, ele foi ameacado de morte. Gracas a Deus nada de mal aconteceu.
Mas para mim isso e uma prova da preguica baiana!

Anônimo disse...

Essa história de preguiça baiana surgiu no programa da Regina Casé. O proconceito é patrocinado pela Rege Globo, principalmente antes do Carnaval. A Globo faz tudo para boicotar e diminuir o Carnaval baiano.

Anônimo disse...

vocês paulistanos só vou dizer uma coisa, eu sou baiana e por aqui só é preguiçoso quem quer, nós trabalhamos pra ter dignidade e respeito e na opnio de muitos aqui vcs são uns frecos mesmos viu!
Obs: Se exerguem primeiro tá!